29 de abril de 2010

Uma literatura que não morre

As palavras do baiano Castro Alves ilustram a postagem de hoje:

"Ontem plena liberdade...
A vontade por poder
Hoje cúm'lo de maldade!
Nem são livres pra...morrer!
Prende-os a mesma corrente
Férrea, lúgubre serpente
Nas roscas da escravidão...
(...)

Senhor Deus dos desgraçados!
Dize-me vós, Senhor Deus!
Se eu deliro...ou se é verdade
Tanto horror perante os céus..."

(O návio negreiro)

25 de abril de 2010

Com a palavra: Bruna Carmona

Minha mãe sempre me diz que ninguém consegue sobreviver sozinho. Que todos nós necessitamos uns dos outros, e que necessariamente e indiretamente, nossas escolhas estão ligadas aos demais. O texto que eu publico hoje não é meu. As palavras que ilustrarão esta postagem saíram da cuca da Bruna Carmona. Parceira, indiscutivelmente de todas as horas. O tema foi eu que sugeri, por isso 25% deste texto considero sendo meu também..(risos). Chega de devaneios. Apreciem com atenção as sábias palavras que hoje, através do Domínio Particular, Bruna Carmona oferece para vocês:

Alma lavada de água e sal

"Nenhuns olhos têm fundo; a vida, também, não."

- João Guimarães Rosa


Às vezes fico imaginando como vai ser quando o presente for passado. É como se perder num momento qualquer, num futuro que só permite ser ver o que é genérico. Uns vultos completamente disformes de conteúdo desconhecido. Cada rosto do presente foi no passado uma projeção do futuro. E assim, pela intensidade de todas as coisas, rolam em direções difusas gotas que carregam consigo o que não se pode controlar. Sentir é de lágrima. Da partida ao reencontro, chorar é refúgio explícito da alma. De alegria ou tristeza, da angústia ou euforia até a saudade que se dirige ao que não se pode alcançar, derramar lágrimas é dar ao mundo a dimensão do sentimento sem precisar de nenhuma palavra. Os olhos é que dizem. Chorar é de tudo, o que há de mais humano. Somos reais, carne, osso e sangue nas veias. Uma mistura de todos os clichês e ilusões. Choro é segredo, é alarme, é defesa, é ataque. É negar veementemente a realidade que insiste mesmo quando não é bem-vinda. Ou comemorar a chegada do que há muito se esperava. Uma espécie de reclamação silenciosa ou vitória saboreada intimamente. É problema e solução. Subjetividade máxima. É coisa de quem se inunda de sentimentos. Ou é só água salgada. E retomo os pensamentos sobre o presente que será passado no futuro. A realidade hoje é alegria, alegria. Já tenho até saudade do que ainda não passou. E saudade é motivo para chorar. Por ontem, por hoje e pelo amanhã que logo será hoje também. Assumo. Eu, dona da lágrima de contentamento de quem toma as rédeas da vida e aprende a dizer sim a esses dias de céu azul que ultrapassam os limites das órbitas. Alma lavada de água e sal. Vida.


24 de abril de 2010

Vale refletir

"...O exercício da cidadania pressupõe a participação política de todos na definição de rumos que serão assumidos pela nação e que se expressa não apenas na escolha de nossos representantes políticos e governantes, mas também na participação em movimentos sociais, no envolvimento com temas e questões da nação e em todos os níveis da vida cotidiana, porém lamentavelmente é uma prática pouco comum entre nós..."

(Trecho adaptado dos Parâmetros Curriculares Nacionais)

No tempo em que a política se fará presente nas converas de bar, na hora do almoço e até nos intrevalos das partidas de futubol, fica o convite a refletirmos. Este é o momento de colocarmos em prática nosso espírito consciente e seletivo. Agora é o momento de separarmo o joio do trigo, o bom do ruim, o melhor e o pior para o nosso país. Daqui a alguns dias, candidatos aos cargos de deputado, senador, governador e presidente, disputarão entre si a mais "árdua" batalha para conquistar o seu voto. Fique de olho, análise as proposta de cada um. Não aceite barganha. Na prática, á unica arma capaz de destruir as sujeiras do sistema democrático e criar uma sociedade uníssona, está com você. Está no toque dos seus dedos. O seu voto é a sua arma! Neste momento, vale refletir o que será melhor para você, para nós, para os seus e para o Brasil!

21 de abril de 2010

Com a palavra: Antero de Quental


"Acorda! É tempo! O sol já alto e pleno,

Afugentou as larvas tumulares...
Para surgir do seio desses mares,
Um mundo novo espera um aceno."

(A um poeta)

18 de abril de 2010

Home ID

Os móveis continuam dispostos desde que saí. O edredom azul xadrez ainda cobre a cama. Os papéis e livros permanecem espalhados pela escrivaninha, numa bagunça que só eu consigo arrumar. Tudo está tão igual como antes, que me faz recordar os momentos bons que passei naquele lugar. Nada mudou, eu que mudei. Como "flashback", cenas de uma vida em quatro paredes de uma porta trancada e com chave perdida, se projetaram diante dos meus olhos. Vi o menino correndo, desenhando, escrevendo. Vi o menino chorando, com raiva, com seus porquês e motivos pessoais. Vi sua inocência, seus desejos, seus sonhos.

Me admirava. Me repugnava. Me reconhecia.

Não é preciso dizer mais nada. Há mais vivência que poesia. Ainda que as palavras consigam materializar as ideias, tem coisas que só o coração sabe escrever. Olho e fixo. Observo mais uma vez os traços das imagens. Nada mudou, eu que mudei em partes. Em partes, porque a essência, os valores, os ensinamentos e principalmente as qualidades continuaram. as mesmas . O que mudou foi a maneira de ver o mundo, de querer, de poder, de conquistar e de fazer. Os móveis continuam. As pessoas continuam. Tudo está no mesmo lugar, e do jeito que eu deixei.

Rode a Terra, more na China, visite a Lua, dê festa aos amigos, beba todas, fique de ressaca, chore por um amor não correspondido, seja menos destemido, ande descalço, diga sim ou diga não. Ainda que você experimente todas as coisas e visite todos os lugares, a sua casa é o seu verdadeiro lugar.

17 de abril de 2010

Abcdês

Corre, caminha, corre, caminha.

Anda bem depressa, anda sem caminho...

Corre, caminha, corre, caminha.

Vai abrindo estrada, impondo-se, buscando...

Corre, caminha, corre, caminha...

Destrincha o rumo, traçando a vida, vivendo-a...

Corre, caminha, corre, caminha.

Atinja a plenitude: felicidade...

Corre, caminha, desfrute, descanse, deseje.

13 de abril de 2010

Passada rápida

Mais uma vez o tempo se esbarra nas minhas postagens. Desta vez, é a sua falta. Todas as horas estão cotadas, estão voltadas e totalmente dedicadas a atividade jornalítica. Tem tantas coisas que eu gostaria de ecrever, tenho tantas novidades a contar, mas enfim, como diria Cazuza: "faz parte do meu show" a dedicação à profissão. Os momentos que tenho disponível, tenho aproveitado para descansar. Durmir, mesmo. O blog é para mim, um escape, uma oportunidade de listar, de colocar em palavras, de expressar a minha forma de interpretar o mundo. Tô sentindo falta de escrever aqui, mas em breve retorno a ativa!

E enquanto isso, tenhamos: Paciência - Lenine

7 de abril de 2010

Essência Jornalística

"Os jornalistas são os trabalhadores manuais, os operários da palavra. O jornalismo só pode ser literatura quando é apaixonado."
(Marguerite Duras)

Hoje é o dia do jornalista! Uma data que valoriza o profissional compromissado com a verdade. Valoriza? Não sei. A realidade que se tem presenciado nos últimos tempos não é bem assim. Mas o certo é que das muitas profissões que existem, foi esta que eu escolhi, ou melhor, o jornalismo me escolheu. Fica aqui minha saudação a todos os jornalistas e a todos os estudantes do curso de jornalismo. Que nosso compromisso se renove todos os dias e que ofereçamos a sociedade, informações capazes de serem refletidas e formalizadas! O parabéns de hoje é para todos nós!

6 de abril de 2010

Hoje é 06 de abril

Hoje é um dia para celebrar! Apesar das inconstâncias e dos desvios nas curvas da vida, o data em questão é de grande importância para mim. Hoje faz um ano que eu sai de casa em busca de um sonho (Já assimilei essa história a uma obra cinematográfica ). Saí com planos, projetos e com determinação. Na bagagem levei a paixão pelo jornalismo, os ensinamentos dos meus pais e todo o amor que recebi de minha família. Foi tudo muito rápido. Quando me vi estava sozinho numa cidade cheia de desconhecidos. Perdido e isolado no meio da multidão. Deixar para trás suas referências e a segurança que o "seu" lar oferece, é no mínimo uma condição de risco. É claro que sempre volto para a casa, aliás, sempre que posso estou na companhia dos meus familiares, mas não é a mesma coisa. Tenho uma data para ir e outra para retornar. Na minha casa agora, eu sou simplemente uma visita. Hoje eu quero renovar o meu propósito, renovar o meu compromisso e firmar mais uma vez os meus objetivos. Saí de Barbacena e comecei a percorrer a estrada. Fui para Juiz de Fora, estou em Belo Horizonte e muito em breve rodando este mundão todo de meu Deus. É a fé que me move. É acreditando em mim, no que eu posso fazer e no meu diferencial que vou construindo meu caminho. Apropriando-me do clichê de fim de ano, e do qual, futuramente pretendo pronunciar: "O futuro já começou!" Trago comigo as experiências de uma vida em formação. Errei, me arrependi e recomeço constantemente. Sem olhar para trás, sigo em frente buscando rumos, alçando voos e escolhendo caminhos que me levarão ao sol, e lá, com certeza eu chegarei!

"Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado." (Roberto Shinyashiki)

5 de abril de 2010

Inspiração Barroca

Passado os feriados e as celebrações de uma semana completamente espiritualizada, a rotina volta ao normal. Mais trabalhos, mais atividades, mais perto de se alcançar os sonhos. Hoje, de modo bem especial, quero fazer uma postagem diferente. Uso as palavras do baiano Gregório de Matos Guerra (1636-1695), vulgo Boca do Inferno. Segundo o livro Novas Palavras, dos autores Emília Amaral, Mauro Ferreira, Ricardo Leite e Severino Antônio: "Foi tão tumultuada a vida do poeta baiano que um biógrafo chamou-a de vida espantosa".

A poesia barroca de Gregório de Matos, ainda que em princípio, maldizente e maliciosa, é marcada também por um toque sacro. Um tom sagrado que tomou as palavras e produziu um dos textos mais bonitos que já tive a oportunidade de ler. Divido agora com vocês o texto e faço a indicação para que leiam mais sobre este expoente nome do barroco literário nacional:

Pequei, Senhor, mas não porque hei de pecado,
Da vossa piedade me despido,
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto um pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido,
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisongeado.

Se uma ovelha perdida, é já cobrada
Glória tal, e prazer tão repentino
vou deu, como afirmais na Sacra História:

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada
Cobrai-a, e não quereiais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.

(Gregório de Matos.Op.cit.pág.48.)