11 de outubro de 2010

Criança...

Na véspera do dia das crianças, uma crônica de Janusz Korczak - Como amar uma criança (1984)

A criança que você pôs no mundo pesa 10 libras. É feita com oito libras de água e um punhado de carbono, cálcio, azoto, sulfato, fósforo, potássio e ferro. Você deu à luz a oito libras de água e a duas libras de cinzas. Assim cada gota de seu filho era o vapor da nuvem, o cristal da neve, da bruma, do orvalho, da água da nascente e da lama de um esgoto. Milhões de combinações possíveis de cada átomo de carbono ou de azoto.
Você apenas reuniu o que já existia.
Olhe a Terra suspensa no infinito.
O Sol, seu próximo companheiro, está a 50 milhões de milhas.
Nosso pequeno planeta não é mais que 3.000 milhas de fogo recoberto por uma película que tem apenas dez milhas.
Sobre essa fina película, um punhado de continentes jogados entre os oceanos.
Sobre esses continentes, no meio das árvores, arbustos, pássaros e animais – o ruído dos homens.
Entre estes milhões de homens, está você, que deu à luz a um homem a mais. O que é ele? Um galinho, uma poeira – um nada.
É tão frágil que uma bactéria pode matá-lo; uma bactéria que aumentada mil vezes é apenas um ponto no campo visual.
Mas este nada é irmão das vagas do mar, do vento, do relâmpago, do Sol, da Via Láctea. Este grão de poeira é irmão da espiga do milho, da relva, do carvalho, da palmeira, irmão de um passarinho, do filhote de leão, de um potrinho, de um cãozinho.
Neste nada há qualquer coisa que sente, deseja, observa; que sofre e que odeia; que é feliz e que ama; que tem confiança e que duvida; que acolhe e que rejeita.
Este grão de poeira encerra o seu pensamento as estrelas e os oceanos, as montanhas e os precipícios. E o que é a essência da alma senão todo o Universo, faltando apenas as suas dimensões.
É esta a contradição inerente ao ser humano: nascido de um quase nada, Deus está nele."

4 de outubro de 2010

31 de outubro a gente decide

Nem Dilma, nem Serra. No primeiro turno das eleições para presidente do país, Marina Silva roubou a cena e ganhou destaque, deixando a disputa para o pós-Lula ainda mais emocionante. Os seus quase 20 milhões de votos em todo o país embaralhou uma eleição, que segundo as pesquisas, poderia ter sido definida neste 03 de outubro.
O desempenho da candidata do PV no último debate antes do pleito elevou a sua preferência entre o eleitor e causou uma estagnação nos número de Dilma e Serra. Levando em conta os votos nos estados Marina faturou no Distrito Federal, com 41,96% dos votos válidos, mas no panorama geral, os votos recebidos foram insuficientes para para levá-la ao segundo turno.
A partir de agora as campanhas da petista e do tucano vão em busca de seus eleitores e principalmente do apoio de Marina Silva. Em seu discurso, Marina defendeu uma discussão ampla entre a cúpula do PV que participou da campanha à presidência. São 21 pessoas, dez assessores escolhidos por Marina e dez representantes escolhidos pela sua legenda, além do presidente do partido, José Luiz Penna. Considerando as bases nas candidaturas estaduais, PSDB e PV parecem ser mais íntimos. Nesta José Serra pode sair lucrando.
Os próximos dias prometem reviravoltas no campo político nacional. Se a companhia de Lula era o aconchego do primeiro turno, o pulso firme e o apoio de Marina a um dos candidatos no segundo turno pode definir a(o) dona(o) da faixa presidencial nos próximos quatro anos. Quem conseguir juntar a sua bandeira ao verde da acreana começa a disputa com pelo menos 19.636.335 votos. A cadeira mais cobiçada do Brasil está em jogo.

2 de outubro de 2010

Yes, we can

A diretora da sucursal da Revista ÉPOCA no Rio de Janeiro escreveu em sua última coluna na edição nº 645 do dia 27 de setembro de 2010, um artigo com o seguinte título: A Marina do dedo verde. Reproduzo um trecho do texto:

"Dilma perdeu a fachada de paz e amor e reagiu com fúria às denúncias na imprensa. "Ela teve uma recaída. Parecia até ela mesma", teria dito um aliado da petista, segundo a Folha de São Paulo. A outra má impressão da semana foi a entrevista de José Serra ao Bom Dia Brasil, na TV Globo. Não deixou que os jornalistas perguntassem quase nada. Impedia apartes, num tom professoral e prepotente que afasta até seus eleitores. A uma repórter do humorístico CQC, da Bandeirantes, Serra perguntou se ela tinha namorado. Não é a primeira vez que perde a noção. Sem plásticas ou cabeleireiros, Marina cresceu de estatura ao longo da campanha. Seu discurso a princípio ambientalista ampliou-se e ganhou consistência no campo dos valores e da ética. Mesmo que a enorme maioria dos brasileiros não vote nela, sabe-se o que a sua candidatura representa: uma terceira via, de olho no desenvolvimento sustentável do século XXI, que não comporta esmolas para uma massa tutelada e semianalfabeta. Quando deixou o governo Lula, após a queda de braço com Dilma, Marina afirmou: "Perco o pescoço, mas não perco o juízo". E não perdeu mesmo"

Em menos de 24 horas o eleitor brasileiro vai as urnas escolher os seus governantes. Os discursos foram feitos, as propostas apresentadas e agora cabe a nós decidir o caminho a ser tomado. Dizem que o voto é a nossa maior arma, pois então vamos nos armar. Entre a polarização do vermelho e o azul, parece que o verde de Marina Silva oferece-nos ações diferentes. Vamos com ela para o 2º turno!