20 de maio de 2010

Drummond + Fragmento


Soneto da perdida esperança
(Carlos Drummond de Andrade)

Perdi o bonde e a esperança.
Volto pálido para casa.
A rua é inútil e nenhum auto
passaria sobre meu corpo.

Vou subir a ladeira lenta
em que os caminhos se fundem.
Todos eles conduzem ao
princípio do drama e da flora.

Não sei se estou sofrendo
ou se é alguém que se diverte
por que não? na noite escassa

com um insolúvel flautim.
Entretanto há muito tempo
nós gritamos: sim! ao eterno.

Brejo das Almas, 1934.

Abro os braços para a vida... A vida livre, leve e sem pena. A vida cantante. A vida aventureira. Queria poder girar o mundo, dar piruetas no planeta, pisar descalço na brasa sem pensar nas consequências. Eu posso? Liberdade. Até quando? Limitação. Quero dançar conforme a letra e não como a música. Quero ser o contrário do comum. O cateto adjacente. A, b e o c do teorema de Pitágoras. Sou mais do que imagino. Sou carne, sou sangue, sou fusão. Pecado sagrado divinamente providencial. Fecho os olhos e sinto o tocar da brisa e o calor do sol... a vida me abraça!

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