17 de maio de 2011

Be happy

Hoje pelo caminho encontrei com uma garota que aparentava ter no máximo uns 22 anos. Apressada, ela atravessava a rua e gritava pelo telefone alguma coisa. Só consegui captar algumas das várias palavras que ela soltava gritando: " - Não tenho tempo para mim, nem comer direito eu estou comendo, está complicado...". Ouvi, parei e vi que não era o único que tinha birra com o tempo, pensei em estender a mão, mostrar solidariedade, compartilhar a mesma angústias, mas eu tinha um compromisso naquele instante, aliás, eu já estava atrasado... O resultado é que estamos cada vez mais atolados de tarefas inúteis, que consumirão 80% do nosso dia, e o que realmente importa, os 20% relativos a cervejinha no bar com os amigos, o momento do jantar com a família e o momento carinhoso com quem se ama, ficam reservados como carta na manga. Aquela carta que nós só vamos tirar quando a gente ver que o que não importa, consome mais do que a gente pensa. E assim nós vamos construindo nossa potencialidade sendo medidos pela nossa capacidade de articular da maneira mais rápida e mais eficiente o nosso planejamento diário. Falei difícil? Não. Você também está mergulhado nesse mar de medidas: o bom de serviço, o melhor da empresa, o mais eficiente e qualquer rótulo criado pela modernidade. O tempo corre num piscar de olhos, passa sem a gente perceber, apenas vai e quando a gente se dá conta ele foi. A gente sacrifica agora, se mutila agora e deixa para curar a ferida depois, é o mais do mesmo: o mesquinho de hora marcada, com pontualidade inglesa e que tem sempre o que fazer - e não fazemos nada pois não sabemos a hora que o relógio vai parar. Que os ponteiros continuem girando por um bom tempo, marcando momentos bacanas numa jornada digna e divertida: "don't worry, be happy!".

16 de maio de 2011

Do retorno

Como o pano lustra o móvel e remove a poeira, ao poucos vou retornando para esse universo. É difícil estar longe de um espaço no qual você é o construtor. E olha que nos últimos meses o que não me faltou foram histórias, angústias e reflexões. Aos poucos eu vou voltando, um pequeno texto, uma pausa para um crônica, um debate, um artigo, uma vontade desmedida de escrever. Simplesmente escrever. Escrever sobre a vida, sobre o amor não resolvido, sobre o trabalho infantil, sobre o excesso e a falta, a vontade e a falta de tempo, o retorno ao paraíso. Me basta passar para as palavras o que excede a razão e sobretudo, o que reina no coração. Um discurso meio empobrecido mais que vale a riqueza da chamada experiência, ou simplesmente: vida. É isso, a gente sai mais volta, a gente roda o mundo mas não esquece da origem. Novamente aqui estou.