1 de maio de 2010

Go-star

Triste o verbo chamado "ir". De todas as palavras indicadoras de ação da língua portuguesa, o "ir" é o que mais muda. No presente do indicativo pode ser "vai", no pretérito imperfeito pode ser "foi" e no futuro do presente pode ser "írá". Quanta variação, quanta inconstância, quanta notoriedade. O "ir" se conjuga como a vida. Ele muda dependendo da ação. Passado, presente e futuro variam num segundo. Assim é a vida: surpresas variadas, situações inusitadas, problemas escabelantes. Eu só queria entender o porquê de muitas coisas. Não sou filósofo e nem almejo tal posição. Queria apenas compreender os motivos de tantas transformações em tão pouco tempo. Viver é estar disposto a sofrer mudanças: ora boas, ora nem tão boas assim. Não me lembro da última vez que havia me encontrado com ela. Das recordações que trago na memória, o seu jeito de amar e o seu carinho por mim são os mais lembrados. Ela era diferente, de todas, a melhor. Não tem como esquecer os momentos bacanas, poucos, mas suficiente para imortalizá-la em mim. Numa tarde ensolarada, lá estava ela novamente. Eu e ela. Eternos amantes de um amor inacabado. O coração bateu forte. Tive vontade de beijá-la, de abraçá-la, de tocá-la. Caminhamos disparados nos devaneios de nossas vidas. Rimos, choramos, brindamos o momento com um copo de suco. Conversas jogadas fora. Ela estava bem, estava tranquila. Estava vivendo com intensidade os amores e desamores, as suas paixões bandidas, os seus romances momentâneos. E eu ía. Ía viajando em cada movimento de sua boca, ía penetrando em seus olhos como se os olhasse pela primeira vez. Ela estava mais linda e mais bela do que nunca. Palavras, palavras e mais palavras. Estar junto dela me fez entender o quanto ela era especial e importante para mim. Minha insentatez havia nos separado. Eu era a causa e a consequência daquela separação. Triste fim para nós dois. Como o verbo "ir", eu ía, eu fui. A maturidade sempre fez parte de nosso relacionamento. Ela sabia entender as minhas ausências, as minhas saídas, e até os meus momentos de reflexão. O romance tinha acabado e agora restava a amizade, o sentimento fraterno e o desejo de querer bem. Nos despedimos e eu fui. Fui seguir tudo o que ela havia me falado, fui seguir todos os seus conselhos e confortar-me com suas sábias palavras: "Eu estarei sempre com você, estou aqui de qualquer forma. Não se esqueça disso. Quero o seu bem". Por um instante as lágrimas caíram e lentamente escorreram pelo rosto. As pessoas que assistiam a cena, ficavam olhando e comentavam cochichando. Eu não estava nem aí. Chorava, e chorava de amor. Como o verbo "ir" me conjuguei em todos os tempos verbais, variando do gerúndio ao particípio. Como o verbo "ir" eu vou:
Vou olhar para frente sem jamais esquecer dos momentos.
Vou olhar para o mundo e manifestar meus desejos.
Vou provar novos amores e permitir amar e ser amados.
Vou aproveitar a cada instante, vou as estrelas.
Vou a festa, vou beber tequila, vou dançar a noite toda
Vou sonhar, vou respirar fundo, vou levantar tarde.
Agimos corretamente. Fizemos tudo conforme o cerimonial. O tempo e os demais conspiraram contra nós. Serei feliz, porque você me quer feliz. Ela foi e vai ser sempre importante para mim, e disso eu não abro mão. O nosso verdadeiro momento está guardado pela frente. Passado, presente, futuro. Como o verbo "ir" eu fui, ela irá, nós vamos... Vamos viver a nossa vida, vamos buscar nossa felicidade juntos, ou não.

7 comentários:

  1. Ótimo texto! Seria sim um filósofo; que trocou um amor enquanto ainda "inteço" por uma amizade duradoura e sicera no momento certo?, para não ter o desprazer de conjugar o verbo "ir" no preterito imperfeito, mas sim um perfeito relacionamento mantido de outra forma, com uma grande AMIZADE e com muito carinho.....

    Parabéns, texto muito bom que nos incentive a refletir...

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  2. CARAAAAA ^^ TÁ DE PARABÉNS!!! LINDÃO O TEXTO ^^ AO QUE PARECE, VC CONTINUA SENDO A PESSOA INTELIGENTÍSSIMA QUE SEMPRE FOI. CONTINUE SEMPRE ASSIM! MUITO SUCESSO P VC!!! BJÃAAO (VOU CONTINUAR ACOMPANHANDO TÁ^^)

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  3. Se eu pudesse externar o que senti em relação ao seu texto eu diria: Não dá vontade de parar ler !!!
    Parabéns.
    Muito ... Muito bom !

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  4. Fico encantada com seus textos Dudu! Esse não foi diferente! Mas, apesar de ser muito bonito, achei ele um pouco triste,não? É baseado em fatos reais? huhu Como disseram em um dos comentários, "não dá vontade de parar de ler".
    =)

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  5. Dudu,excelente texto! Como eu te disse,me enxerguei nessa situação.E tudo o que busco todos os dias é "ir".Ir buscar a minha felicidade,não a constante e utópica e sim a felicidade extrema instantanea e verdadeira!
    abraços!

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  6. Comentário do Ivan?! Que honra! Olha sinceramente, o melhor texto que li de um cara da minha faixa etária! REALMENTE, PARABÉNS! Se Deus quiser, vc vai longe!

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  7. Deve ser porquê, transformar é renascer. A transformação nos dá o direito de errar, errando nós aprendemos e quando aprendemos, transformamos. É um ciclo.

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