30 de junho de 2010

O Haiti também é aqui

Talvez as imagens não mostrem com precisão as catastófres provocadas pelas enchentes na Região Nordeste do país na última semana. Fotos e vídeos não são suficientes e não sintetizam o registro de dor e a perda que centenas de famílias tiveram das poucas coisas que tinham. Cidades mergulhadas na fúria da água que desceu levando tudo: casa, carro, documento, vida. Arrastando sonhos, planos e conquistas. Imagens que impressionam e que fazem recordar as tragédias provocadas pelo terremoto no Haiti e pela chuva no Rio de Janeiro. Embora tenham proporções diferentes, ambos acontecimentos parecem revelar a mesma fotografia: a fragilidade humana diante da ferocidade e poderio da natureza, o choro pelo pouco que se tinha e a esperança por um novo recomeço. Não é preciso estar no local para ter compaixão e solidariedade, cada notícia, cada detalhe e cada ilustração vale mais que qualquer presença. Tanta tristeza, tanto sofrimento, tanta água e pessoas tão necessitadas. Parece contraditório, mas o mesmo Nordeste do Brasil, que em determinados lugares sofre com a falta d'água, é o mesmo que conta os vitimados por ela. Paradoxo do casamento Homem & Natureza, onde causa e consequência se encontram na mesma via, na contramão e com intensidades diferentes. Em determinado momento a colisão é inevitável. Diante da dor dos outros, nos tornamos humanos em essência, nos aproximamos do mundo real, assumimos nossa fragilidade e achamos o valor de nosso limite e principalmente, de nossas limitações.

Um comentário:

  1. Citando o que escreveram Caetano e Gil, "Ninguém, ninguém é cidadão. Se você for a festa do pelô, e se você não for, pense no Haiti, reze pelo Haiti. O Haiti é aqui. O Haiti não é aqui..." Mas é essencial rezar pelos daqui também. E que tudo fique bem.

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