21 de fevereiro de 2010

Com a palavra: Humberto Werneck

Uma verdadeira viagem pela história do jornalismo em Minas Gerais e pela trajetória dos indivíduos que ajudaram a construí-la. “O desatino da rapaziada” livro de Humberto Werneck transforma o real em uma narrativa literária e convida seu leitor a tele-transportar para a Belo Horizonte do tempo dos jornalistas literatos.

O enredo começa em 1921, quando um jovem garoto de 18 anos,usando óculos entra na redação do Diário de Minas, para entregar ao diretor José Oswaldo de Araújo, um artigo seu. Trata-se de Carlos Drummond de Andrade – que futuramente, viria a ser um dos grandes nomes da literatura brasileira. É partindo da história do jovem poeta de Itabira que a história se desenrola... A cidade de Belo Horizonte, jovem e moderna capital do estado de Minas Gerais, torna-se berço de uma geração de jovens escritores e jornalistas apaixonados pela poesia e inspirados pelas idéias modernistas que circulavam por todos os lugares. A Rua da Bahia é o cenário principal e lugares como o Bar da Estrela e o Bar do Ponto – mais tarde a Leiteria Nova Celeste – os refúgios e os pontos de encontro, de interação e discussão dos apaixonados pela literatura e pelo jornalismo.

Em seu livro, Werneck descreve detalhadamente os principais nomes do cenário jornalístico e literário de Belo Horizonte e do estado. Homens que fizeram história em suas carreiras e que foram os alicerces da imprensa mineira. Nas 206 páginas que compõem o livro, percebe-se uma estreita ligação entre a tríade jornalismo – política – literatura, que muitas das vezes se confundiam entre si. Os grandes jornalistas mineiros estavam diretamente ligados às atividades do Palácio da Liberdade – sede do Governo do Estado – e aos partidos políticos.

Inspirados por Mário de Andrade e Oswald de Andrade - expoentes do movimento modernista – os jovens escritores criaram revistas culturais, que mesmo com poucas publicações, inovaram no jeito e na linguagem e que nas palavras de Humberto Werneck: “ressoaram muito além dos horizontes mineiros”. Publicações como “A Revista”, “Verde”, “Tendência”, “Edifício”, “Binômio” e “Alterosa” são exemplos dessas revistas ousadas, originais, criativas e que, mesmo efêmeras, romperam com as barreiras de seu tempo.

Os jornais de Minas Gerais foram vitrines e revelaram grandes nomes para o jornalismo e para a literatura nacional. Atravessaram as montanhas das Gerais e as páginas dos jornais “Diário de Minas” e “O Diário da Manhã” – futuro jornal Estado de Minas – entre outros exemplares jornalísticos, figuras como: Otto Lara Rezende, Fernando Sabino, Roberto Drummond, Autran Dourado, Ivan Ângelo e ícones como Carlos Drummond de Andrade e João Guimarães Rosa.

Os personagens descritos por Humberto Werneck neste livro, que pode ser considerado uma retrospectiva da história do jornalismo mineiro, são exemplo concretos do verdadeiro jornalismo. É um grande manual para jornalistas iniciantes ou para os apreciadores da notícia. Os rapazes desatinados, revolucionistas e apaixonados pelo ofício de escrever, deixaram para as futuras gerações não apenas seus magníficos trabalhos, mas os caminhos que levam os jornalistas a cumprirem seu compromisso em todo lugar e a todo o momento: fazer do jornalismo, uma verdadeira arte!

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