18 de abril de 2010

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Os móveis continuam dispostos desde que saí. O edredom azul xadrez ainda cobre a cama. Os papéis e livros permanecem espalhados pela escrivaninha, numa bagunça que só eu consigo arrumar. Tudo está tão igual como antes, que me faz recordar os momentos bons que passei naquele lugar. Nada mudou, eu que mudei. Como "flashback", cenas de uma vida em quatro paredes de uma porta trancada e com chave perdida, se projetaram diante dos meus olhos. Vi o menino correndo, desenhando, escrevendo. Vi o menino chorando, com raiva, com seus porquês e motivos pessoais. Vi sua inocência, seus desejos, seus sonhos.

Me admirava. Me repugnava. Me reconhecia.

Não é preciso dizer mais nada. Há mais vivência que poesia. Ainda que as palavras consigam materializar as ideias, tem coisas que só o coração sabe escrever. Olho e fixo. Observo mais uma vez os traços das imagens. Nada mudou, eu que mudei em partes. Em partes, porque a essência, os valores, os ensinamentos e principalmente as qualidades continuaram. as mesmas . O que mudou foi a maneira de ver o mundo, de querer, de poder, de conquistar e de fazer. Os móveis continuam. As pessoas continuam. Tudo está no mesmo lugar, e do jeito que eu deixei.

Rode a Terra, more na China, visite a Lua, dê festa aos amigos, beba todas, fique de ressaca, chore por um amor não correspondido, seja menos destemido, ande descalço, diga sim ou diga não. Ainda que você experimente todas as coisas e visite todos os lugares, a sua casa é o seu verdadeiro lugar.

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