20 de janeiro de 2010

Com a palavra: Antoine de Saint-Exupéry

Há alguns dias fiz uma postagem sobre minha infância. Ao recordar este tempo, lembrei-me também, dos livros que lia nesta época. Tudo girava em torno da famosa coleção Vaga-Lume, da Editora Ática. Corrida Infernal, Um leão em família, Aventuras no Império do Sol, Sozinha no Mundo, A Ilha perdida, Coração de Onça, são alguns dos títulos desta série. Creio que se você, caro leitor (a) que já passou dos 18 anos, como eu, já teve contato com algum livro da coleção. Mas este não é o objetivo desta minha postagem. Não quero comentar sobre a série Vaga-lume. Quero usá-la como escada para que você me entenda, ou de preferência tente me compreender.
Você que lê frequentemente este blog, sabe que costumo fazer uma espécie de “análise” (digamos assim) das leituras que faço. Uma espécie de sinopse-comentada (acho que a denominação ficou melhor). Aí que entra uma das obras que passou despercebida pela minha infância e que só agora, no auge dos meus 19 anos fui lê-la. Você achará um absurdo isto, tenho certeza, algumas pessoas com quem comentei, também acharam. Era mais ou menos assim que diziam: “Que isso! Não acredito, você não teve infância?” ou ainda “Você leu a coleção Vaga-Lume e não leu este livro? Isso não existe!”. Sem falar que umas ainda debocharam, mas tudo bem. Nunca é tarde para correr atrás do prejuízo. Fiz a leitura e agora compartilho com você, um pouco desta viagem.

O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint Exupéry, é um livro que atravessa gerações e o tempo, e se mantém com uma leitura sempre atual. Um jeito leve de contar uma história aparentemente simples, porém, cheia de simbolismos e lições. Mais que um texto para crianças, a obra abre caminhos para que todas as pessoas (independente da idade) valorizem as pequenas coisas e a própria vida.

Não quero contar a história. Ate porque, você já deve sabê-la de trás para frente. Caso você, assim como eu, não teve a oportunidade de ler este livro na sua idade infantil ou você, que é criança e ainda não leu, não perca seu tempo. São apenas 93 páginas (depende da edição, é claro) que você lê em cerca de uma hora e meia. Quero que você descubra e tire suas próprias conclusões sobre o enredo. Desejo que você mergulhe a fundo e descubra a importância das pessoas em sua vida.

“É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas.” (Página 36)

“É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar. A autoridade se baseia na razão.” (Página 40)

A literatura de Saint-Exupéry, nos mostra que no interior de cada um de nós, existe uma criança que mantém acessa a chama dos sonhos. Ao crescermos e assumirmos nossas responsabilidades, esquecemos de admirar e prestar atenção no mundo ao nosso redor. Muitas das vezes somos como o rei, o vaidoso, o beberrão, o empresário, o acendedor de lampião e o velho geógrafo. Estamos perdidos na pequenez de nossos mundos. Não nos permitimos ao encontro e a partilha com os demais.

A grande lição deste livro está na conquista, no cativar, na construção de relacionamentos. Cada pessoa que passa por nossas vidas nos acrescenta algo de bom. Deixa sua marca e torna-se única e insubstituível. Você aprende que é indispensável ouvir a voz do coração e que mesmo a distância, um amor, uma amizade e um sentimento de gratidão podem se manifestar, afinal:

“O essencial é invisível aos olhos.” (Página 72).

Talvez o segredo maior deste livro, está no peso que o conquistador carrega em suas costas. “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” (Página 74). É a responsabilidade de cuidar, de querer bem e de estar próximo que é a chave dos relacionamentos. Nem sempre o conquistador cumpre com a sua função. Às vezes passa despercebido, se perde em suas próprias doutrinas, ou até mesmo na doutrina dos outros. Há sempre uma segunda chance. Um momento de fazer valer o aprendizado. São os momentos que nos separam das coisas que amamos, que fazem delas importantes para nós. Temos que concordar que na maioria dos casos, as separações acontecessem de maneira involuntária. Nem sempre é isso que queremos para nossa vida, mas infelizmente elas acontecem. E a responsabilidade? Continua mais forte...

"E quando estiveres consolado (a gente sempre se consola), tu ficarás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir comigo. E ás vezes abrirá tua janela apenas pelo simples prazer...” (Página 87)

O Pequeno Príncipe aprendeu e continua a ensinar. Errou e descobriu o valor de sua rosa. Sinceramente, acho que ler este livro agora foi melhor do que ter lido na infância. Não sei se teria compreendido e não sei se teria captado a lição como agora. De fato, as grandes mensagens estão nos pequenos conteúdos. Nossas rosas esperam nosso cuidado, nossa atenção e principalmente o nosso amor...

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